segunda-feira, 5 de abril de 2010

Tudo o Que Há de Valor



“E PEDRO e João subiam juntos ao templo à hora da oração, a nona.E era trazido um homem que desde o ventre de sua mãe era coxo, o qual todos os dias punham à porta do templo, chamada Formosa, para pedir esmola aos que entravam. O qual, vendo a Pedro e a João que iam entrando no templo, pediu que lhe dessem uma esmola. E Pedro, com João, fitando os olhos nele, disse: Olha para nós. E olhou para eles, esperando receber deles alguma coisa. E disse Pedro: Não tenho prata nem ouro; mas o que tenho isso te dou. Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda”.       Atos 3.1-6

Um homem à porta do templo era uma situação comum em Jerusalém. Sua enfermidade apontava sua condição diante de dos homens: era pecador! A crença fortalecia este pensamento e acrescentava a este que o tal era castigado por Deus por não ser um cumpridor dos mandamentos do próprio Deus. Enfermos, cegos, coxos, paralíticos viviam da mendicância em Jerusalém no período em que Jesus ali viveu e também depois de sua morte; havia um pensamento corrente que sustentava o ato de mendigar: os ricos e os religiosos faziam questão de dar esmolas como atitude espiritual e não para auxiliar o desamparado, em contrapartida, muitos mendigos usufruíam deste benefício sem reclamar, sendo que vários destes nem sequer se encontravam em situação de pobreza.
Pedro e João conheciam bem a realidade da mendicância em Jerusalém e também a postura de Jesus diante desta situação. “Não tenho prata nem ouro”, disse Pedro: aqui o discípulo vai contra o sistema de crenças judaicas e dá um passo além do judaísmo. “Olha para nós”: trata o enfermo de igual para igual, resgatando sua dignidade como ser humano ao olhar nos olhos, o que fez toda a diferença. “Em nome de Jesus Cristo”: um reconhecimento da pessoa de Cristo como aquele que pode efetuar o milagre, não o homem, mas Deus!
Os discípulos estavam amadurecendo. Leia o texto de Mateus 17. 14-20; nele os discípulos tentaram curar um menino lunático e não conseguiram. Nota-se duas questões nesta passagem, a saber, 1) não levaram o menino a Jesus; acharam que podiam fazer a obra sem o Senhor da obra; 2) não tiveram fé e fé neste texto e contexto tem haver com o reconhecimento da pessoa de Cristo como Deus, uma vez que a figura do próprio Cristo ainda não era entendida, nem mesmo pelos discípulos. Jesus diz que a fé deles é menor que um grão de mostarda, ou seja, quase ou não tinham fé alguma.
Que mudança maravilhosa ocorreu nos corações dos discípulos, principalmente nos de Pedro e João, que agora eram muito mais humildes em reconhecer que só por meio de Jesus é que o milagre poderia ocorrer. A fé deixou de ser apenas racional (apenas no plano da idéia) e partiu para um plano mais real da perspectiva do Reino de Cristo: onde se entende que a vida é o elemento mais importante (plano mais prático, de maior ação). O mendigo é ser humano e tão humano quanto todo homem e mulher é! Ele também pode ser alvo da extensão do amor de Deus. “Olhe para nós… não tenho prata nem ouro”; é como Pedro quisesse dizer: “tudo o que tenho é Jesus e quero compartilhá-lo a você de maneira íntegra e integral”.


“Walter Nascimento”

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