terça-feira, 13 de abril de 2010

Conquiste o Coração dos seus Filhos



Antonio Lazarini Neto
“Mas que vos parece? Um homem tinha dois filhos, e, chegando- se ao primeiro, disse: Filho, vai trabalhar hoje na vinha. Ele respondeu: Sim, senhor; mas não foi. Chegando-se, então, ao segundo, falou-lhe de igual modo; respondeu-lhe este: Não quero; mas depois, arrependendo-se, foi. Qual dos dois fez a vontade do pai? Disseram eles: O segundo. Disse-lhes Jesus: Em verdade vos digo que os publicanos e as meretrizes entram adiante de vós no reino de Deus.”           (Mateus 21:28-31) 
A parábola contada por Jesus fala de um homem que tinha dois filhos e o desenrolar da história reflete a realidade de muitos lares daquela época e dos dias atuais também. Que pai que nunca viu seu filho dizer que vai cumprir determinada ordem sua e depois não cumpre ou que se rebela dizendo que não fará e, por fim, acaba fazendo?
De início, quero fazer algumas observações com relação à história que Jesus contou:
1. Trata-se, como se era de esperar, de duas personalidades díspares, desiguais, distintas, diferentes (chegam a ser antagônicas!)
2. O texto também leva em consideração que o filho é um “outro ser”, possuidor de uma vontade e por vezes toma suas próprias decisões!
3. Também Jesus assume como algo normal o pai manter expectativas quanto a seus filhos, no sentido de requerer deles que eles façam algumas coisas que demonstrem que são envolvidos e mantém responsabilidades com sua família.
Segundo o Talmude (um documento judaico que reflete as discussões rabínicas com relação à lei, ética, costumes e história do judaísmo) o pai tinha quatro responsabilidades para com o filho:
1. Circuncidar o filho: “O que tem oito dias será circuncidado entre vós, todo macho nas vossas gerações, tanto o escravo nascido em casa como o comprado a qualquer estrangeiro, que não for da tua estirpe. Com efeito, será circuncidado o nascido em tua casa e o comprado por teu dinheiro; a minha aliança estará na vossa carne e será aliança perpétua.” (Gênesis 17:12-13)
2. No caso do primogênito, redimi-lo: “Todo o que abrir a madre, de todo ser vivente, que trouxerem ao SENHOR, tanto de homens como de animais, será teu; porém os primogênitos dos homens resgatarás; também os primogênitos dos animais imundos resgatarás.  O resgate, pois (desde a idade de um mês os resgatarás), será segundo a tua avaliação, por cinco siclos de dinheiro, segundo o siclo do santuário, que é de vinte geras.”  (Números 18:15-16)
3. Encontrar uma esposa para ele: “...mas irás à minha parentela e daí tomarás esposa para Isaque, meu filho.”   (Gênesis 24:4)
4. Ensinar-lhe uma profissão: “Passei pelo campo do preguiçoso e junto à vinha do homem falto de entendimento; eis que tudo estava cheio de espinhos, a sua superfície, coberta de urtigas, e o seu muro de pedra, em ruínas. Tendo-o visto, considerei; vi e recebi a instrução. Um pouco para dormir, um pouco para toscanejar, um pouco para encruzar os braços em repouso, assim sobrevirá a tua pobreza como um ladrão, e a tua necessidade, como um homem armado.”   (Provérbios 24:30-34)
Na história de Jesus, o que se quer saber é: Qual comportamento corresponde a fazer a vontade do pai? Isto é, na perspectiva de Deus, qual o comportamento esperado? São aqueles que dizem: “Sim, senhor!” Mas não vão trabalhar na vinha conforme a ordem pai? Ou são aqueles que sinceramente dizem: “Eu não quero”, mas depois, arrependidos vão trabalhar, porque mesmo não sentindo a vontade de fazer o que o pai deseja, entendem que, sobretudo, é preciso seguir suas ordens, por mais intragáveis que elas pareçam!
O que aprendemos com isso? O que nós, pais do século 21, podemos extrair de lição para nossa caminhada familiar e paterna? 
A resposta é: Você precisa ganhar o coração do seu filho! O alvo não é ter filhos com comportamento impecável, mas filhos que quando erram tenham um coração sensível. Seu filho pode até dizer que “não vai trabalhar na vinha”, mas se você alcançar o coração dele, a tristeza que você sente ao vê-lo rejeitando uma ordem sua será compensada pela alegria que sentirá quando “arrependido” ele conseguir identificar que é certo fazer o certo. 
Só um filho cujo coração é sensível pode voltar atrás de algo que disse antes não faria. Essa história que Jesus contou deve motivar os pais e os estimular a pensar que filhos que são aparentemente rebeldes podem mudar e se tornar de fato filhos obedientes! Também revela que nem sempre os filhos que apresentam um comportamento que na aparência é exemplar, que se inclina pra tudo o que o pai diz, que nunca questiona, nem sempre são filhos que nos trarão alegria.
Como tem sido o seu relacionamento com seus filhos? De fato esses filhos aparentemente rebeldes nos desafiam a amar mais, perdoar mais, nos convoca a ser “mais pai”, mais humanos e talvez, menos legalistas. Rejeitar um filho ou uma filha assim é recusar a possibilidade que Deus impõe sobre a sua vida para você, como pai, também atingir a maturidade.  Pense nessas coisas!


Antonio Lazarini é pastor titular da Igreja Batista Jardim Planalto em Nova Odessa (SP); Professor da Faculdade Teológica Batista de Campinas; Bacharel em Teologia; Mestre em Ciências da Religião e autor da MK Editora, com as obras: Filhos da Mãe e O Que é Deus? 

Link extraído do site: http://www.elnet.com.br



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